No Brasil, em 2024, mais de 36 mil pessoas perderam a vida em sinistros de trânsito, segundo dados preliminares do Datasus. O levantamento também aponta um crescimento de 11% nas mortes de motociclistas, grupo que segue sendo o mais vulnerável nas vias brasileiras.
Ao longo de 2025, em diversos eventos de trânsito dos quais participamos, dois temas ganharam força: a segurança de motociclistas e os riscos da velocidade. Ambos aparecem, cada vez mais, como fatores centrais para entender o aumento de mortes e feridos graves no país.
Neste artigo, vamos focar em um deles: a velocidade – e por que pensar em prevenção começa pelos entornos escolares.
Por que precisamos falar mais sobre velocidade
Nos dias 18 e 19 de novembro, ocorreu em Gramado o 1º Congresso Nacional de Trânsito e Mobilidade, organizado pela Associação Nacional dos Detrans (AND). A Fundação Thiago Gonzaga participou do encontro ao lado da Ciclocidade e da União dos Ciclistas do Brasil, ouvindo diferentes perspectivas e compartilhando aprendizados sobre segurança viária.
No segundo dia, apresentamos o case do Projeto Caminho Seguro e seus resultados na redução de velocidade em entornos escolares. A mesa foi mediada por Maria Alice Souza, Diretora de Segurança Viária da SENATRAN, com participação de Paula Manoela Santos, gerente de mobilidade do WRI.

Abrindo a fala, Gabriela Teló, Coordenadora de Projetos e Políticas Públicas da Fundação, apresentou o cenário da segurança viária em Porto Alegre.
Em 2024, a capital registrou 84 mortes no trânsito. Dos 6.787 feridos, 224 eram crianças e adolescentes de até 17 anos. Em 2025, a situação segue preocupante: 61 vidas perdidas, sendo 4 jovens com menos de 17 anos.
Onde a velocidade se torna fatal
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), reduzir 5% da velocidade média pode diminuir em 30% as mortes no trânsito. Em Porto Alegre, das 61 mortes registradas em 2025, 22 ocorreram em atropelamentos.
Os entornos escolares surgem como áreas críticas de proteção. Por isso, em 2025, a Fundação realizou uma intervenção de urbanismo tático no bairro Cristal, com foco em reduzir velocidades e aumentar a segurança dos jovens.
O limite recomendado é de 30 km/h, mas as medições prévias mostraram condutores excedendo esta velocidade. Inclusive foi medido um motociclista a 84 km/h, velocidade fatal em caso de atropelamento.
Durante o evento em Gramado, Gabriela apresentou os resultados de:
- arte viária educativa
- redução dos ângulos das curvas com balizadores
que permitiram reduzir em 50% a velocidade de veículos de quatro rodas na área.

Ao destacar a importância da prevenção, ela reforçou:
“O trabalho da Fundação sempre se baseou na prevenção. Precisamos de mais ações que previnam os sinistros de trânsito. Não podemos agir apenas depois que as pessoas já perderam a vida.”
Por mais caminhos seguros nas cidades brasileiras
O Projeto Caminho Seguro, realizado em 2025 no bairro Cristal, só foi possível graças ao apoio do iRAP e da FedEx. O local se tornou o primeiro entorno escolar com velocidades seguras de Porto Alegre.
Mas o desafio é grande: a cidade tem cerca de 100 escolas municipais sem estrutura viária segura. Por isso, a Fundação segue em articulação para reunir novos parceiros que acreditam, como nós, que reduzir sinistros de trânsito parte da prevenção.
Com escuta ativa das comunidades, comunicação eficaz, projetos de mobilidade que respeitam o uso da via e fiscalização, é possível transformar a segurança das nossas cidades – uma escola de cada vez.




